19 de setembro de 2012

Crônica típica campo-grandense.


O retorno do sobá

Era um show de um artista de renome nacional. Enquanto aguardava o início do espetáculo, sentei-me numa mureta que separava o gramado da parte pavimentada em frente ao palco. Comecei, então, a observar as pessoas ao meu redor.
Um grupo bebia compulsivamente e apresentava uma alegria acompanhada de uma ansiedade que parecia crescer a cada minuto, pois alguém olhava insistentemente o relógio.

Ao longe, um casal, que se beijava calorosamente, demonstrava um isolamento do mundo exterior como se apenas os corpos ali estivessem, mas a alma se via em êxtase de hormônios em ebulição·.

De repente, sentou-se ao meu lado um colega de trabalho que se acomodou de costas demonstrando uma indiferença, era como se nunca houvesse estado comigo. Aquela atitude fez com que o meu humor pulasse ao nível mais alto de irritabilidade: “como pode alguém agir assim?” – pensei indignado e revolto.

“Poderia ser um descuido, ou uma falta de atenção?” Cheguei a pensar, mas ficou claro o olhar meio que de canto de olho em que deixou nítida sua intenção em se tornar invisível.

O show correu dentro da normalidade. Ri, cantei, vibrei, pois era um cantor que admirava e continuo admirando muito. Ao final, já no caminho da minha casa, continuava atormentado pelo comportamento do meu colega.

No outro dia, segunda-feira, ao chegar ao trabalho sabia que iria cruzar o seu caminho. Ele ainda não havia chegado.

Alguns minutos depois, ele entra e diz: “Bom dia mestre!”. Eu mudo, com “cara de paisagem” e de forma fria, sai como se sozinho ali estivesse. “A vingança é um prato que se come frio”.


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