As convenções sociais
perplexam o ambiente quando certas atitudes incomodam um dos integrantes do
grupo, principalmente se esse for o anfitrião. Certa feita, numa pequena
reunião combinada de última hora, tal feita ocorreu.
Ao chegar a casa, onde
tal reunião ocorreria, alguns se encontravam sentados na calçada, cada um com
suas particularidades, uns falavam alto, outros riam à gargalhadas enquanto
crianças corriam faziam suas graças.
Cumprimentei todos, com
certa reserva. Nesse momento o dono da casa veio receber-me e logo mostrou onde
eu deveria me sentar como se houvesse uma preocupação com tal detalhe.
Cumprimentei sua mãe, que ainda não havia visto, e direcionei-me ao lugar
indicado.
Sentei-me e uma
sensação estranha de isolamento me acometeu, mas logo quebrada com a chegada de
dois amigos que, quase por decreto,
sentaram junto a mim.
As conversas
transcorreram normalmente. A certa altura o dono da casa se juntou a nós, com
comentários evasivos e respostas monossílabas. Nesse momento recordei-me da
“Crônica do sobá” e daquele referido cidadão. As atitudes dos moradores
pantaneiros são características e corriqueiras como uma bipolaridade que se
compara a uma balança de dois pesos, mas com uma medida.
Ao decorrer do papo,
referi-me a esse fato e emiti minha opinião dizendo que havia me acostumado a
essa indiferença, mas sem aceitá-la. Todos concordaram e o anfitrião apenas balançou a cabeça
positivamente e isso causou-me um desconforto, como crítico que sou, comecei a
refletir sobre o acontecido, mas me contive para não parecer mais um.
Dirigindo meu carro,
fazendo meu caminho de volta para casa, os questionamentos borbulharam e fiquei
atordoado: “existe alguma obrigação em convidar alguém a um jantar?”, “o que
havia acontecido para tal atitude?”. Eu, como sempre, já comecei a pensar que
tinha feito algo com a pessoa citada, mas não cheguei a nenhuma conclusão. Vai
entender?
A minha adaptação a
esse modo de ser acaba me afetando de forma drástica, pois meu humor e minhas
motivações estão à flor da pele e observo que talvez esse seja um dos motivos
pelos quais os demais se comportam estranhamente e ao chamado “efeito dominó”. Será que estou
me tornando mais um? Não quero ser assim. Quero ser espontâneo, alegre e
comunicativo. Socorro!
Esses fatos
corriqueiros inquietam meu ser. Às vezes chego a pensar que estas pessoas estão
pedindo ajuda, apesar de não admitirem. Sinto uma vontade imensa de
resgatá-los, mas não sou capaz, ou melhor, não estou capaz. Talvez o isolar-se
é o refúgio de cada um nessa terra de carências coletivas transformada em indiferenças
e taciturnos.
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